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  • Foto do escritorElton Voltolini, Dr. Eng

Custo Logístico e seus Elementos

Conheça os elementos que compõe os custos da logística empresarial

Neste post os custos logísticos serão desdobrados em seus elementos constituintes principais e serão discutidos alguns princípios norteadores da gestão de custos logísticos para fins gerenciais.

 

O inimigo custo


A dicotomia nível de serviço e custo faz parte dos do dia-a-dia dos gestores de logística, apresentando-se como uma esfinge que o encara e pergunta: “decifra-me ou de devoro”. Premido pelas exigências de clientes cada vez mais difíceis de manter e a necessidade de apresentar resultados financeiros que resistam ao escrutínio da diretoria financeira e do conselho de administração, o gestor de logística corre o risco de virar “biruta de aeroporto”; movendo-se de um lado para o outro ao sabor das pressões que estiverem mais fortes no momento.

A Gestão de Operações (Operations Management) não admite mais os “achismos” e foi o berço da adoção da abordagem científica na gestão organizacional. Numa temática que desperta tantas controvérsias e entre pressões nem sempre razoáveis, a compreensão dos custos logísticos deve fazer parte das prioridades do gestor e de seu staff. Para obter a real compreensão dos custos de seu sistema logístico, torna-se imprescindível uma abordagem segmentada.

As empresas precisam ser capazes de diferenciar o custo de prestar determinado nível de serviço não apenas de forma agregada e sim, por segmento, por cliente e por pedido. Com base nisso será possível identificar a rentabilidade de cada um destes e adotar uma abordagem comercial mais assertiva e inclusive mais parceira com departamento de Logística. Para tanto, faz-se necessário que as informações que chegam aos gestores da empresa sejam as mais confiáveis e detalhadas possíveis, principalmente as informações referentes aos custos.

A má qualidade da informação de custos pode trazer uma série de distorções no processo de tomada de decisão. Usualmente, são utilizadas informações da contabilidade da empresa para fins gerenciais. No entanto, o fato destas possuírem um direcionamento para fins fiscais e pelo costumeiro enfoque nos processos produtivos (para o caso das indústrias), pode prejudicar, ou mesmo inviabilizar, algumas análises gerenciais. Entre as principais críticas à utilização da informação contábil para fins gerenciais, pode-se citar: os critérios de rateio de custos utilizados; a não consideração do custo de oportunidade; os critérios legais de depreciação.

Outra evidência da falta de comprometimento dos dados contábeis com os custos logísticos são os planos de conta. Por exemplo: os custos de transporte de suprimento compõem o custo do produto vendido, como se fossem custos de material; os custos de distribuição aparecem como despesas de vendas e outros custos aparecem como despesas administrativas. Com esta abordagem típica, nenhuma informação referente às atividades logísticas é evidenciada e o levantamento destes custos torna-se mais trabalhoso.

Devido a inabilidade de outros setores da empresa em fornecer números adequados e em tempo hábil para o correto gerenciamento dos Custos Logísticos, decorre a necessidade da criação de ferramentas específicas para tais fins. Porém, ao se criar tais ferramentas, o gestor de logística deve primeiramente estabelecer o foco e a prioridade de seus controles, que podem ser estabelecidos respondendo algumas perguntas básicas:

  • Quais são as diretrizes estratégicas da organização?

  • Qual a contribuição esperada da função Logística para a estratégia da organização (um Plano de Diretor de Logística traria esta resposta)?

  • O que se pretende custear?

  • Quais são as famílias de produto trabalhadas?

  • Qual a segmentação de clientes com base em serviços?

  • Quais as regiões de atendimento?

O gerenciamento de custos logísticos pode ser mais ou menos focado de acordo com o objetivo desejado. Desta maneira, é possível desenvolver um sistema para atender apenas uma atividade (custos de estoque), um conjunto de atividades (sistema de distribuição e controle de estoque) ou até mesmo todas as atividades logísticas da empresa. No entanto, é importante perceber que o aumento do escopo pode repercutir na falta de foco e no aumento considerável da dificuldade na obtenção de dados. Decorre disto a necessidade de direcionar o sistema para o tipo de controle ou decisão que se pretende apoiar.

Muitas empresas extrapolam o controle dos Custos Logísticos, ultrapassando os limites da empresa. Algumas empresas adotam uma abordagem que envolve a compreensão dos custos de seus fornecedores para poderem controlar as variações dos preços que lhe são cobrados. Em outras situações, faz-se uma gestão compartilhada de custos com empresas transportadoras ou com operadores logísticos, devido ao outsourcing de atividades logísticas do contratante.

Três subsistemas podem ser levados em conta no gerenciamento eficiente dos Custos Logísticos: o suprimento, o apoio à produção e a distribuição física. Esta separação clássica do Sistema Logístico guarda enfoques bem distintos na realização das suas atividades e aplicação de seus recursos.

Na questão do suprimento, é importante que a empresa consiga escolher bem seus fornecedores, determinar bem os tamanhos de lote de compra e na definição das políticas de estoques. Muitas vezes, administrando um ou todos os elementos da área de suprimentos, a empresa consegue adquirir seus produtos de forma mais racional, diminuindo seus custos.

Na questão do apoio à produção, também conhecido com intralogística, a empresa deve tomar algumas precauções principalmente em se tratando do modelo contábil de rateio de custos indiretos, que acabam por taxar em demasia os produtos que mais vendem e sobretaxar aqueles que menos vendem. Para a intralogística, a ferramenta de custos de produção deve estar voltada às necessidades do planejamento e controle da produção, a fim, de apoiar decisões referentes aos tamanhos de lote e alocação da produção entre as plantas e as linhas de produção. Para isso, o sistema de custeio deve possibilitar a simulação de diferentes políticas de produção para perceber como se comportam os custos diante destas modificações. Além disso, deve-se alocar os custos indiretos de maneira não distorcida para que se possa custear os produtos e assim mensurar a rentabilidade não só dos produtos, como também dos clientes.

Deve-se ficar atento ao fato de que o subsistema intralogística tende a sofrer aumento significativo em seus custos, quando a migração para abordagens de abastecimento de linha de produção típicas da Filosofia Lean. Neste caso, os projetos direcionam atividades de reembalagem, montagem de kits para o almoxarifado e adota-se uma frequência maior na entrega de produtos nos diversos pontos de uso na planta fabril.

Na distribuição, faz-se necessário o controle de custos abrangendo todas as atividades desde a entrada dos produtos no armazém de produtos acabados até a entrega. O importante é conseguir rastrear os custos através da estrutura logística, tentando evitar ao máximo o rateio indiscriminado dos custos. Neste subsistema cresce o volume de particularidades exigidas pelos clientes, traduzido em aspectos como: quebra da embalagem padrão, montagem de kits, reembalagem, reetiquetagem, entregas agendadas, paletização segundo padrões do cliente, emissão de documentos específicos, rastreamento das entregas, dentro outros atributos de serviço que devem ter seus custos separados para análise. Outro tipo de situação - que traz um ônus significativo ao atendimento de determinados pedidos - consiste na transferência de custos inerentes ao recebimento do cliente para seus fornecedores. Neste caso, as atividades de recebimento são normalmente executadas por empresas terceirizadas pelo cliente e cobram taxas de forma direta ou indireta dos fornecedores.


Elementos de custo logístico


Um dos erros fatais é considerar que os Custos Logísticos se resumem somente ao Custo de Transportes. O custo com o transporte consiste somente em um dos elementos dos Custos Logísticos, mesmo reconhecendo seu significativo impacto nos custos do sistema logístico.

Na verdade, os Custos Logísticos são formados por quatro elementos básicos, os quais são: Custos de Armazenagem; Custos de Processamento de Pedidos; Custos com Estoques; Custos de Transportes.

São considerados Custos de Armazenagem os que se referem ao acondicionamento dos bens e a sua movimentação, como por exemplo: aluguel do armazém, mão-de-obra, depreciação dos equipamentos de movimentação e das estruturas de estocagem, gasto com utilidades (água, luz, comunicação), segurança.

Os Custos com Processamento de Pedidos são os que menos impactam nos Custos Logístico Total pelo pequeno montante relativo de recursos financeiros. Apesar disto a sua inclusão deve ser necessária, pois em alguns casos este Custo pode significar o item de controle para a determinação do Nível de Serviço. Na verdade, quando falamos em processamento de Pedidos, temos que analisar tanto pelo lado dos pedidos de ressuprimento (compras) quanto pelo lado dos pedidos dos clientes (vendas).

Se analisarmos os Custos de Processamento de Pedidos, podemos chegar à conclusão de que o custo com sistemas de informação e com recursos humanos respondem pela maior parte deste tipo de Custo Logístico. O restante fica por conta dos materiais envolvidos e depreciação e custo de oportunidade de equipamentos.

Por fim, o custo referente aos bens, produzidos ou comercializados, como o custo financeiro de estoque e o custo de perdas – devido a roubo, obsolescência e avarias - serão tratados como Custos de Estoque.


Considerações Finais


A gestão dos custos logísticos depende da correta medição dos elementos que compõe o Custo Logístico Total. Somente com a profunda compreensão de cada um destes elementos de custo, que será possível realizar a tomada de decisões adequada.

A própria tomada de decisão sobre aspectos ligados a custos na logística deve observar os seguintes princípios:

  • Custo Total – levar em conta nos projetos e decisões mais elaboradas a soma dos custos logísticos e não apenas um dos seus elementos;

  • Compensação de custos – os elementos do custo logístico possuem ume relação de trocas compensatórias entre si, ou seja, algumas decisões reduzem muito um elemento de custo segundo uma determinada curva de custos, porém promovem o aumento de um ou mais elementos de custo logístico;

  • Decisão segmentada – evitar rateios e médias para explicar os custos dos processos logísticos, suas atividades ou do seu sistema como um todo. No lugar disso, deve-se buscar os números por segmentos diferentes de clientes, regiões de atendimento, tipos de equipamentos dentre outros.


Quanto mais acurada e gerencial for a análise dos custos logísticos, mais assertiva a contribuição da Logística para atender as demandas de seus clientes internos e externos, dentro do desempenho financeiro necessário para o sucesso da organização. Se precisar de ajuda nesta jornada conte com a EXCENT Consultoria.

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